de ro para ro
Roland Azeredo Campos

resiste, ro
ronaldo azeredo y la síntesis del poema
primeira entrevista
poemúsica
 


... e o tempo não passa...

... e aquele teu “labor torpor”, lapidar poema-código, rigor, xadrez, branco no preto, prisco rabisco no branco, risco pregnante, traço atro no alvo; claro, na mosca!...

Ronaldo Azeredo

(1964)


... a mulher perolada & variolada, (ou)viu – desvario purpurino – estrelas anãs, micróbias, contraiu a febre do vil metal, virou mercadoria, enfeitou-se, fel, definhou; antimusa, muda eloqüente...

Ronaldo Azeredo

Duas figuras (a segunda e a última) extraídas da seqüência que compõe o poema “mulher de pérolas”, de Ronaldo Azeredo (1971).


... e o “poema da célula”: filamentos, focos infectos, espectros, biomorfos avant la lettre, plâncton plangente; finalizando-se de forma singular: meteoro minado, amofinado, monólito enfermo (finado?); nada...

Ronaldo Azeredo

Imagem final e texto do autor, em livro sem título (1972), costumeiramente referido como “poema da célula”.


...”automação-paisagem”, outro biopoema, transdialético, dinâmico, auto-organizativo, pulsante e preciso, imagem banindo palavra, bradando desenlace luzente, sem morfemas; no comments...

Ronaldo Azeredo

Ronaldo Azeredo

Duas páginas (quarta e última) de “automação-paisagem”, poema sem palavras de Ronaldo Azeredo (1973).


... e o teu notável “pensamento impresso”, pranchas para alternar, ao acaso (“dedico a Mallarmé”), dados em re-lance, chance & (como disseste) “a descoberta do sentimento de eternidade”; serigrafia do Fiaminghi, partitura do Gilberto Mendes, “de l’amour et de la mer”; hólos: arco-íris, gotejando energia, no mar, allegro, azul, ideogramas-flores, vermelho, molto appassionato; “embaralhe as pranchas e leia”...

Ronaldo Azeredo

Prancha de “pensamento impresso” (1974), no original em cor branca sobre papel vegetal.


... ah! as “panagens”, cartões com tecidos, a Amedea artefinalizou, 50 exemplares artesanais, “Alfredo Volpi tornou possível esta edição” (assim como todas as da década de 70); metamorfoses: borboleta, pulmão, morcego, e uma única palavra: “arfar”, com o “f” convertido em ícone alado, borbolet(r)eando no azul do dia, vampirizando-se à noite, o tal “f”; fatal...

Ronaldo Azeredo

(1975)


... “enquanto durou”, teu primeiro trabalho dos anos 80; flores recém-colhidas, brilho multicor, flores encaixilhadas na caligrafia caprichada da expressão “enquanto durou”, descem depois, já murchas, ao rés-da-página, grudadas ao esquife escrito, tenaz, das palavras; que perduram...

Ronaldo Azeredo

(1984)


... “e o tempo não passa”...

... 2002: “lá bis os dois”, livro-poema de amor, tática do tato, afago, carícias secretas, fogo; vida...

Ronaldo Azeredo

Página inicial do livro “lá bis os dois” (2002), com sugestões de leitura do autor.


... burburinho de bar, “Léo da Aurora”, calor, paradoxal tarde dourada em Sampa, mais uma rodada de chope, schnaps, canapés “blumenau”, Ronaldo, Herrmann, Fiaminghi, Sacilotto, e mesas vizinhas, coladas, conversas cruzadas: países, petiscos, pintura, poesia, putaria; calado, sorriso complacente, serenidade zen, Ronaldo; leitmotiv mental: a obra, a idéia poética; no céu, no mar, no rio, na rua, no olhar da Greta Garbo, na cama da bonequinha duchampiana; sol, sonho; velocidade, e o tempo não passa...

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Ronaldo Azeredo

 

Roland Azeredo Campos é físico teórico, poeta e ensaista. Publicou Arteciência - Afluência de Signos Co-Moventes (São Paulo: Perspectiva, 2003).